* Por Antonia Letícia

O ano de 2023 tem sido muito diferente na minha vida e venho realizando sonhos em um momento que não acreditava ser possível. Saí da minha cidade natal, no Piauí, e me mudei para a cidade do Rio de Janeiro. Desde então, transformei o meu rumo profissional e esqueci de vez a zona de conforto. Meus pais, temerosos, perguntam quase diariamente como está a universidade, o estágio, os demais trabalhos e minha rotina pessoal. Eu sempre respondo que está tudo sob controle. Como realmente está. Tomei as rédeas da minha vida financeira aos 20 anos sabendo que não seria nada fácil. Vim de uma família que sempre me mostrou o real sentido do dinheiro, e eu percebi que, mesmo ainda jovem, daria conta. Mas, de vez em quando ainda me pego pensando: “Será que eu realmente consigo?”.

Minha primeira experiência real com dinheiro foi em 2016, no Ensino Médio, quando minha mãe resolveu tentar uma renda extra para a família com a venda de quentinhas na região onde morávamos – na época, composta por mim, minha irmã, minha mãe, seu parceiro, e minha avó. Por coincidência, eu estudava nesta mesma região, e logo coloquei em prática os meus, ainda pequenos, macetes de marketing: vendia praticamente todas as quentinhas do dia para meus colegas de escola pelo grupo do WhatsApp e ganhava uma porcentagem do valor das vendas para sair com as amigas, comprar o que eu queria (apesar de não precisar!).

No meio daquela alegria de ter meu primeiro dinheiro conquistado com o trabalho, percebi que, se eu guardasse por mais tempo, o valor no final seria maior, e eu poderia comprar coisas ainda melhores. Pronto! Tive a minha primeira epifania financeira: se juntar, tem. Mas, para juntar, eu precisava estar livre de responsabilidades que minha mãe fazia questão de cobrir. Afinal, eu ainda era uma adolescente em período de vestibular e privilegiada em ter alguém para arcar os custos de vida de uma menina de 16 anos, que queria brincos novos e ir ao cinema todo final de semana. Foi bom enquanto durou. Minha mãe precisou parar com a venda e focar nos seus demais empregos, e a minha “mesada” semanal acabou.

Depois de ter essa proximidade com dinheiro, percebi o quanto eu queria ter uma renda própria. Foi quando passei na universidade e comecei a cursar Jornalismo, uma graduação que abre muitas portas para estágios ainda nos primeiros períodos. Quando comecei o segundo bloco da faculdade, vi um anúncio de estágio para um portal de notícias da minha cidade, logo fiz a inscrição e passei.

“Meu primeiro salário!”, pensei. Só que não. Devido a problemas pessoais, precisei sair antes mesmo do primeiro pagamento. Mas, isso não me desanimou. Em menos de dois meses conquistei meu primeiro emprego de verdade: redatora em uma agência de publicidade no Piauí! Até hoje lembro o que fiz com meu primeiro salário de gente grande: levei as pessoas queridas para almoçar e comemorar essa conquista.

Os meses se passaram, e a pandemia chegou. Com ela, vi diversos colegas de universidade perderem seus empregos, trancarem seus cursos e me desesperei, apesar de ainda morar com minha família e ter as principais contas pagas por minha mãe. Com a crise sanitária, comecei a trabalhar de forma remota ainda na agência publicitária e consegui atualizar meu salário para um valor maior com diversas novas responsabilidades. E isso me fez brilhar os olhos: estava na hora de realizar um dos meus maiores sonhos.

Consegui alugar meu primeiro apartamento com o meu, na época, namorado, e mobiliamos tudo do zero com o fruto do nosso trabalho. Ali eu já era uma adulta que precisava lidar com todas as minhas contas e não dependia mais da minha mãe. Que pressão, mas que felicidade! Desde então, eu preciso fazer com que meu salário comporte o aluguel, a internet, o cartão de crédito, a conta de energia, de água, meus hobbys… E agora?

Hora pegar papel e caneta e começar a anotar as despesas, organizar o que entra e o que sai, entender se eu realmente posso comprar aquilo que estou planejando ou se preciso segurar as pontas e aguardar o mês seguinte. Esse momento de organização financeira também precisa levar em consideração a universidade. Afinal, não posso focar em ganhar dinheiro e esquecer dos estudos, são eles que vão impulsionar meu salário no futuro. Futuro. Essa é a palavra que mais permeia os pensamentos de alguém que conquistou o primeiro emprego recentemente e precisa conciliar estudos,  trabalho e vida pessoal. Há boatos que essa é a palavra que nunca vai deixar de rondar os meus sonhos.

A relação com o dinheiro para uma jovem adulta é uma linha tênue entre amor e ódio. Desde quando entrei no curso de Jornalismo percebi que gostava muito da área, principalmente do mundo digital e era ali que queria trilhar minha carreira. Logo que vi meu nome na lista de aprovados, fui procurar o piso salarial da minha futura formação e entender se aquele valor cabia em meus planos. E não cabia. Foi nesse momento em que vi que precisava me desdobrar e conquistar novos polos: comecei também a trabalhar com meu, agora, noivo, e juntos temos uma empresa para cuidar da carreira dele que é DJ e viaja o Brasil tocando. Eu atuo no fechamento de contratos e contato com clientes. Essa segunda renda é, atualmente, a principal de casa e a que paga os boletos mais aterrorizantes. O aluguel no Rio de Janeiro é caro, viu?!

Educação financeira não precisa ser um fardo. De jovem para jovem, aqui vai a dica mais valiosa que eu poderia dar nesse momento de vida em que estou: combine seus estudos com seus planos futuros profissionais. Pesquise o que sua profissão vai lhe render financeiramente e crie planos acerca disso. Você sempre pode voltar o seu olhar para o empreendedorismo e somar com seu salário ou focar de vez no seu próprio negócio!

Minha jornada com o dinheiro sempre teve muito a ver com minha vida profissional. Desde criança tenho um sonho muito vivo em meu coração: morar sozinha e me mudar para o Rio de Janeiro. Isso tudo só foi possível graças a anos de organização financeira e emocional, principalmente quando levo em consideração que ainda não sou graduada e tenho apenas 23 anos de idade.

O curso de Jornalismo me abriu muitas portas para oportunidades de estágio, o primeiro dinheiro que, no geral, a pessoa universitária busca conquistar. Essa é uma graduação com diversas vertentes de carreira, e eu me permiti conhecer as que mais me interessavam (mesmo que, às vezes precisasse trabalhar para ganhar praticamente nada). Foi durante essas experiências que pude entender melhor quais setores ofereciam melhores condições e possibilidades. Dessa forma, consegui organizar minhas prioridades e escolher a direção pela qual eu estou seguindo aprendendo e me especializando, que é o Marketing de Conteúdo. 

Trilhar uma carreira é difícil, mas pode ser mais simples se você escolher uma profissão que combina com você. A dica de ouro, depois de tudo que compartilhei aqui, é: prepare-se para o amanhã e agarre todas as oportunidades que irão surgir ao longo de sua graduação, até mesmo aquelas que você acha que não irão impactar no futuro, porque elas irão, mesmo que indiretamente. Afinal, será em cada um desses momentos que você fará as escolhas mais importantes de sua vida.

*Antonia Letícia é estudante de Jornalismo, comprometida com o futuro e utiliza do impacto do Marketing de Conteúdo em sua trajetória de crescimento profissional. Nordestina, saiu de sua cidade natal aos 23 anos em busca de ampliar os horizontes e se descobriu determinada a trabalhar com ativismo social com seu talento para a criação de conteúdo. Tem como missão de vida conectar empresas e pessoas na construção de um futuro promissor, sempre valorizando a inclusão social.