Promovida pela JA Rio de Janeiro, iniciativa ensina jovens a abrir e gerir uma empresa, aplicando conhecimento sobre negócios, sustentabilidade, marketing, operações e recursos humanos. 

Estudantes da Faetec Santa Cruz, na Zona Oeste carioca, recebem, nesta quarta-feira, 02/08, o certificado de conclusão do programa Miniempresa, da Junior Achievement (JA). A iniciativa permite a milhares de estudantes de todo o Brasil vivenciar o empreendedorismo ainda no ambiente escolar. Na atual turma, conduzida pela JA Rio de Janeiro, está se materializando uma proposta nova e desafiadora: a criação de uma empresa, partindo do zero, que terá como carro-chefe a produção e a venda de shoulderbags feitas de borracha de câmara de ar.

Para chegar ao objetivo final de forma impecável, os 18 alunos de diferentes cursos técnicos da Faetec são divididos por áreas (sustentabilidade, marketing, operações, recursos humanos e financeira) e recebem orientação de pessoas voluntárias colaboradoras de diferentes setores da Gerdau, patrocinadora da iniciativa.

A primeira etapa de produção é o planejamento e, ao todo, são 12 jornadas. Nas cinco primeiras, os participantes estruturam a miniempresa de forma global: se conhecem, entendem na prática o que é criatividade, recebem curso de design thinking, mapeiam possíveis “dores” do cotidiano que possam solucionar e avaliam a viabilidade para seus negócios.

Os alunos também fazem relatórios, calculam lucros, devolvem dinheiro aos seus acionistas e passam por toda a experiência de como é ter um empreendimento real, partindo de um problema cotidiano (como o descarte do material utilizado na shoulderbag) para uma solução sustentável.

Ainda na primeira etapa, há uma jornada extra, que contempla a aplicação do programa “Vamos Falar de Ética”, também aplicado pela JA, na qual os estudantes elaboram o código de conduta da respectiva miniempresa.

Em outra etapa, os jovens beneficiados se preparam para iniciar efetivamente o processo de produção e, após a definição do produto, vendem e compram ações. Cada miniempresário funciona como um acionista, que precisa vender as ações de valores referentes ao capital inicial com o intuito de começar a produção.

Após a conclusão de todo o levantamento de custo de material, fornecedores, entre outros insumos, o capital social é deduzido da venda das ações, processo verificado pelos cotistas, e dividido pelo número de ações, independentemente do valor.

“O Miniempresa é um instrumento potencializador e multiplicador de talentos, propagador de conhecimento em diferentes áreas, com foco em empreendedorismo e educação financeira, para todas as fases da vida do jovem a partir do envolvimento com o programa”, diz Michele França, coordenadora de Projetos na JA Rio de Janeiro.

Teto de gastos

Nas últimas etapas, os estudantes utilizam o Sistema de Gestão do Miniempresa (SGME) para implementar os dados das áreas desenvolvidas, estabelecendo metas de produção e pontos de equilíbrio. Mesmo que o objetivo seja alcançar a maior rentabilidade possível, são previamente estipulados os valores mínimo e máximo de vendas para que todo o processo seja construído com êxito, equilibrando investimento, produção e lucratividade.

Um exemplo prático é a locação de salas para o desenvolvimento da Miniempresa. Na Faetec Santa Cruz, após negociação com a direção da escola, uma sala foi alugada por um valor simbólico determinado pelos miniempresários após negociação com os acionistas.

Da sexta à décima jornada, a produção é materializada. As diferentes áreas da Miniempresa trabalham em paralelo, de forma complementar. Após passar pelo controle de qualidade, a venda dos produtos recebe autorização e o capital passa a ser acumulado.

Na 11ª etapa (realizada na última quarta-feira, dia 12 de julho), os estudantes encerraram a produção e precisaram vender todo o estoque, além de finalizar o preenchimento da planilha de controle para que, na assembleia de encerramento (12ª etapa), possam devolver os valores [reajustados, dependendo da rentabilidade] para os acionistas. No fim, é feita uma apresentação aos mesmos e aos jurados – voluntários e diretoria da empresa patrocinadora, professores etc.

“Na prática, o programa Miniempresa também prepara o jovem para todos os desafios do mercado de trabalho, além de proporcionar uma visão mais ampliada, diversificada e madura do mundo corporativo”, observa Michele.

Miniempresa pelo país e pelo mundo

O Miniempresa nasceu em 1919, em Springfield, nos Estados Unidos, sendo o primeiro da organização. No Rio de Janeiro, desde 2018 já impactou mais de 1 mil estudantes (majoritariamente da rede pública), com participação de aproximadamente 300 pessoas voluntárias (colaboradores das empresas patrocinadoras). Nacionalmente, o programa está em quase todos os estados do Brasil.

No Estado do Rio de Janeiro, em 2019, foram aplicados 24 programas. Em 2021, por conta da pandemia, foi feito um programa-piloto de forma on-line. Em 2022, foi realizada mais uma edição, de forma presencial.