Por Eduardo Almeida Jr.*
O programa Miniempresa nasceu em 1919, em Springfield, nos Estados Unidos, sendo o primeiro programa da ONG Junior Achievement. No Brasil, o está presente em quase todos os estados e, em 2023, chegou a alcançar 15 mil jovens no país. Em 2024, no Rio de Janeiro, o Miniempresa voltou em formato de projeto, subsidiado pelo edital da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa, com apoio da empresa Bayer S.A. Atualmente, a iniciativa impacta 25 turmas de escolas públicas da Baixada Fluminense e da Região Metropolitana, abrangendo a rede SEEDUC e a FAETEC.
O objetivo do programa é que estudantes criem sua própria empresa do zero. Eles aprendem sobre empreendedorismo, incluindo recursos humanos, finanças, produção, marketing e sustentabilidade. A turma que forma a “Miniempresa” coloca a mão na massa, cria produtos, faz relatórios, calcula lucros, devolve dinheiro aos acionistas e vive toda a experiência de administrar um negócio real.
A Educação STEAM no programa Miniempresa
A Educação STEAM integra cinco áreas do conhecimento: Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática. Este modelo educativo tem como foco a interdisciplinaridade e o aprendizado baseado em projetos, preparando os alunos para resolver problemas complexos e desenvolver habilidades críticas e criativas. Essas habilidades são essenciais para o currículo e cotidiano escolar. Dentro do programa Miniempresa a abordagem STEAM aparece ao:
Estimular a Criatividade e a Inovação
Os estudantes são incentivados a pensar “fora da caixa” e explorar soluções inovadoras para problemas reais. Essa atividade é exemplificada na definição da “dor” que a Miniempresa vai buscar resolver com o produto a ser criado. Para isso, os estudantes participantes precisamos analisar os resultados da pesquisa de mercado e definir o produto final.
Desenvolver habilidades de Resolução de Problemas
A interdisciplinaridade do STEAM ajuda os alunos a conectar conhecimentos e aplicá-los de forma prática. No programa, essa habilidade é desenvolvida durante a jornada em que os estudantes discutem o propósito da Miniempresa e os caminhos a serem percorridos para alcançar seus objetivos.
Melhorar o Desempenho Acadêmico
Estudos indicam que a Educação STEAM pode melhorar o desempenho dos alunos em todas as áreas, não apenas nas disciplinas envolvidas na metodologia. Na Miniempresa, alunos e alunas assumem cargos e responsabilidades, o que inclui reflexões sobre conduta ética e qualidade na entrega. Esses elementos exemplificam como o programa pode contribuir para um desempenho acadêmico mais robusto.
Preparar para o Futuro do Trabalho
As habilidades adquiridas através da Educação STEAM são valorizadas no mercado de trabalho moderno. No Miniempresa, momentos como o Marco Zero, onde as lideranças são integradas e capacitadas, e a organização da produção com definição de custos, preços de venda e outras informações financeiras, são exemplos práticos de preparação para o mercado de trabalho.
A Educação Maker no programa Miniempresa
A Educação Maker é uma abordagem pedagógica que enfatiza a prática do “mão na massa”. Seus princípios incluem a experimentação, a criatividade e a resolução de problemas por meio de projetos práticos. Esta metodologia está alinhada com o modelo “aprender-fazendo”, da Junior Achievement (JA), que é implementado globalmente. O programa Miniempresa aplica os princípios da Educação Maker por meio de diversas atividades práticas, especialmente ao criar protótipos e desenvolver produtos. Aqui estão alguns cases que ilustram como esses conceitos são colocados em prática:
Criação de Protótipos e Produtos
Na etapa de produção do programa, os participantes se envolvem na produção em tempo integral para transformar suas ideias em produtos reais. Isso inclui atividades como cortar, lavar, costurar, colar, grampear, prototipar, dentre outras.
Fortalecer Habilidades Práticas
No contexto do Miniempresa, a fase de auditoria também desempenha um papel crucial. Os estudantes passam por auditoria de suas próprias atividades, o que envolve a responsabilidade na coleta de dados, análise crítica e a criação de um relatório detalhado de atividade. Este processo não apenas reforça as habilidades práticas e técnicas, mas também desenvolve a capacidade de autoavaliação e pensamento crítico, preparando-os para desafios reais no mundo profissional.
Produção e Controle de Qualidade
Durante a fase de produção, os alunos são responsáveis por garantir a qualidade dos produtos. Um exemplo é o processo de verificação conduzido por uma equipe de auditores, que examina as atividades da miniempresa para assegurar que todas as operações estejam alinhadas com os objetivos planejados e cumpram os padrões estabelecidos.
Preparação para a Feira de Miniempresas
A Feira de Miniempresas é um evento final no qual os participantes têm a oportunidade de vender seus produtos e participar do Desafio Nexa – gerido pelo Núcleo de Ex-alunos e alunas da JA. Este evento é um momento de integração onde os estudantes aplicam suas habilidades de vendas e marketing. Uma tarefa especial é a criação e apresentação de um mascote, que representa a identidade de sua miniempresa e serve como uma ferramenta adicional de marketing e engajamento com o público.
Importância do Programa Miniempresa
O desenvolvimento de programas de educação empreendedora no Ensino Médio, como o Miniempresa, é crucial para a formação de jovens preparados para os desafios do futuro. O propósito não é ensinar como abrir um negócio, mas desenvolver habilidades durante as jornadas do programa que sejam úteis para a aprendizagem pessoal e profissional.
O Miniempresa não apenas educa, mas transforma. Ao participar do programa, os adolescentes e jovens mergulham em um ambiente que cultiva liderança, trabalho em equipe, resolução de problemas, pensamento crítico e criatividade. Eles não apenas aprendem teoria, mas colocam em prática em áreas como recursos humanos, finanças, produção, marketing e vendas, preparando-se assim para as exigências do mercado de trabalho atual.
Integrando Empreendedorismo, Educação financeira e Preparação para o Mercado de Trabalho, o Miniempresa oferece uma educação completa que vai além dos limites da sala de aula. Os estudantes saem do programa não apenas com conhecimentos, mas com uma visão clara de possibilidades de carreira, habilidades práticas e competências fundamentais que os destacam no mercado competitivo.
Nunca é só sobre aprendizagem, mas sobre um mundo de possibilidades.
Referências:
Bacich, L., & Holanda, L. (2020). STEAM em sala de aula: a aprendizagem baseada em projetos integrando conhecimentos na educação básica. Penso Editora.
Raabe, A., & Gomes, E. B. (2018). Maker: uma nova abordagem para tecnologia na educação. Revista Tecnologias na Educação.
* Eduardo Almeida Jr. é assistente de Projetos na ONG JA Rio de Janeiro, educador e entusiasta pelos estudos metodológicos e curriculares, especialmente em Tecnologias Educacionais para Educação Básica.