Por Aron Gallart*
Quando iniciei minha jornada como designer, lá em 2018, nem de longe eu imaginava tudo que eu ainda iria aprender e como a minha concepção de design mudaria. A primeira coisa que eu entendi ao ingressar na área foi que o design está presente em tudo, desde as coisas mais simples, como uma caneta, até a própria natureza, com toda sua complexidade, beleza e forma de se apresentar ao mundo.
Confesso que, no início, acreditava que o meu papel enquanto design gráfico era apenas de “um fazedor de artes”, “aquele que deixa as coisas bonitas”, que iria transformar o que não estava visualmente aceitável em algo que fizesse brilhar os olhos das pessoas. E por mais que isso também faça parte do trabalho de um designer, hoje tenho a convicção de que o design vai muito além.
Para além de uma arte bonita, o design é sobre transmitir uma mensagem. Um designer gráfico tem o poder de despertar sentimentos, sensações e estímulos por meio de diferentes elementos, como cores, tipografias, formas geométricas, imagens e fotografias.
Não é por acaso, por exemplo, que as cores mais utilizadas por fast foods e lanchonetes são o vermelho e o amarelo. Combinadas, essas coisas estimulam o apetite e a sensação de rapidez e agilidade, que são extremamente importantes para um fast food – onde, no geral, as pessoas chegam, consomem e vão embora rapidamente. Tais significados não são aleatórios, mas resultado de estudos e experimentos por parte de designers e pesquisadores.
Outro ponto que precisei desconstruir ao longo do tempo foi a equivocada ideia de softwares de design, como Adobe Illustrator e Adobe Photoshop, tirariam de mim o título de designer. Afinal, uma pessoa profissional de design é aquela que sabe transmitir a mensagem da melhor maneira, escolhendo de forma precisa os elementos que irá utilizar para transmitir determinada ideia. As ferramentas profissionais ajudam bastante, pois te dão maior precisão e possibilidade de acabamento mais refinado. O mais importante é você dominar a base do design: alinhamento, contraste, hierarquia visual, repetição e proximidade.
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ALINHAMENTO
Quando criamos uma composição, é fundamental lembrar de organizar as informações de forma com que elas sejam compreendidas. O alinhamento tem esse papel, de organizar e unificar a estética de uma composição. Eu costumo dizer que, até mesmo uma arte que pretende desalinhar e desconstruir os elementos precisa ser alinhada de alguma maneira, seguindo algum critério, ainda que estritamente pessoal ou até mesmo artístico.
O alinhamento permite com que sigamos um fluxo de leitura. Por exemplo: nós, do Ocidente, aprendemos desde cedo a alinhar as informações, principalmente quando se trata de informações textuais, sempre organizadas de cima para baixo, da esquerda para a direita. Por isso, como estamos habituados a fazer essa leitura, é bom lembrar disso ao produzir uma imagem que pretende informar.
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CONTRASTE
Dentro de uma composição, há sempre alguns pontos mais importantes, aqueles que queremos destacar. Neste caso, o contraste é fundamental para fazer essa “mágica” acontecer.
Quando bem utilizado, o contraste permite destacar aquela informação importante e pode ser utilizado por meio de um texto em negrito, backgrounds (cor ou imagem) coloridos, formas, imagens etc. O importante é usá-lo com sabedoria, pensando também na questão da acessibilidade, por exemplo, para pessoas com baixa visão. Quando aplicado da forma errada, o contraste pode causar um conflito visual que pode comprometer os objetivos de determinado trabalho.
DICA: Um erro comum de contraste é a aplicação do amarelo sobre o branco ou o branco sobre o amarelo. Tanto o branco quanto o amarelo são cores que possuem muita luz, ou seja, são muito claras. Logo, quando você aplica ambas juntas, uma por cima da outra, dificulta a leitura e a compreensão visual. A regra é a mesma para outras cores de tom muito claro. 😉
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HIERARQUIA VISUAL
Assim como o alinhamento, a hierarquia visual também é responsável por organizar as informações em uma composição. Neste caso, você deve, primeiramente, priorizar o que irá receber a atenção de quem irá observar a arte.
Qual a informação mais importante precisa ser compreendida rapidamente por quem for entrar em contato com a arte? Hierarquicamente, essa informação deverá receber mais destaque, seguida pela segunda mais relevante. E assim sucessivamente, de modo que todos os elementos dialoguem entre si de maneira harmoniosa.
Em um texto, por exemplo, você consegue fazer essa organização com diferentes pesos de tipografia (a grossura dos caracteres) ou aumentando o tamanho e também destacando com cores diferentes.
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REPETIÇÃO E PROXIMIDADE
Assim como hierarquia visual e alinhamento, a repetição e a proximidade também são formas de organização de conteúdos. Ambas são comumente utilizadas em páginas web como forma de ajudar quem está navegando a captar e entender melhor as informações.
A repetição consiste basicamente em repetir elementos. Por exemplo: quando fazemos uma pesquisa no Google, vemos explicitamente esse princípio ser utilizado: primeiro, aparece o link da página; depois, o título clicável em azul; logo abaixo, um pequeno texto sobre a página em questão. Para cada item que aparece como resultado na busca, essa mesma estrutura se repete, facilitando assim a compreensão do leitor. Repare que o mesmo acontece na diagramação deste artigo.
Já a proximidade consiste em agrupar diferentes elementos para que fique mais fácil identificar que todas as informações apresentadas são sobre um mesmo assunto. Conseguimos observar muito isso em sites de e-commerce (vendas on-line), nos quais há sempre em um mesmo box uma imagem do produto, seu nome, avaliação, preço, informações de parcelamento etc.
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Esses princípios básicos são necessários para toda pessoa que atue como designer, independentemente do grau de experiência. Por isso, é fundamental se atualizar frequentemente, estudar, testar e aperfeiçoar as técnicas. Além dos que abordei acima, há outros dois elementos extremamente importantes na hora de produzir uma boa composição. São eles:
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CORES
As cores são um elemento muito importante em uma composição, ela determina o tom e as sensações que você quer passar com a sua composição. Por exemplo: se eu quero passar uma sensação de energia, alegria e criatividade, posso optar por tons de laranja. Se o objetivo é transmitir sobriedade e confiança, utilizo tons de azul mais escuros. Mas, se eu busco passar equilíbrio e harmonia, posso optar por tons de verde. Entender as sensações e estímulos que as cores despertam nos seres humanos é fundamental para passar a mensagem que deseja comunicar corretamente, através de uma arte.
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TIPOGRAFIA
Outro elemento fundamental são as tipografias. A tipografia é o nome técnico utilizado para definir o que chamamos popularmente de letras (ou fontes). Basicamente, este texto que você está lendo agora, neste site, é todo composto por uma tipografia padrão.
Existem diversos tipos de tipografia. Ressalto aqui dois que são mais comuns de serem vistos no dia a dia: as tipografias com serifa (como a Times New Roman) e as sem serifa (como a Arial). Bem familiar, não é mesmo?
Saber escolher bem a tipografia também é muito importante para a mensagem que vai ser transmitida. As tipografias com serifa tendem a passar maior formalidade e confiança, já as sem serifa são mais amigáveis e modernas, trazendo uma descontração maior para a composição.
A escolha certa da espessura (ou peso) também é essencial. Famílias tipográficas podem abrigar diversas variações diferentes de espessura, as mais comuns são: Thin, Light, Regular, Medium ou Semi Bold, Bold, Extra Bold e Black.
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Por fim, também quero deixar aqui algumas dicas que eu recebi no início da minha jornada como designer e outras que eu gostaria muito de ter recebido quando iniciei:
Dica 1: os elementos precisam respirar
Uma boa composição não é aquela lotada de elementos, muito pelo contrário. Claro que há exceções. Mas, no geral, quanto menos elementos sua arte tiver, maiores são as chances da sua mensagem ser transmitida (obviamente que sem deixar de fora as informações que são essenciais para a compreensão do público-alvo). Lembre-se de deixar espaços entre os elementos, para que eles não conflitem entre si e atrapalhem a comunicação e a compreensão de sua arte.
Dica 2: busque referências
Buscar referências é muito importante quando vamos construir um novo projeto. Por isso, é preciso investir um tempo pesquisando sobre contexto, tendências, principais tonalidades de cores, formas de construção de logotipos etc.
Esta etapa te dará uma base para construir algo que dialogue com o mercado que vamos atender. Não adianta construir algo extremamente bom, se não conversa e não passa a devida mensagem.
Dica 3: paleta de cores
O site Adobe Color é um gerador gratuito de paletas de cores. Ao acessá-lo, ele apresenta um círculo cromático, a partir do qual você consegue selecionar qualquer cor do círculo. Na lateral, haverá diversas opções de combinação dessas cores. Ao selecionar uma cor dentro do círculo, automaticamente ele te ajuda a encontrar outras cores ou tons da mesma cor que combinam entre si, facilitando demais a criação de paletas de cores do zero.
Além disso, na área “explorar” ele permite navegar entre diversas paletas de cores já prontas, ou extraídas de imagens, o que ajuda na seleção de uma boa paleta de cores para sua composição. Na aba de tendências ele te permite navegar entre as principais tendências, consultando as comunidades criativas do Behance e do Adobe Stock, em paletas de cores para diversos segmentos.
Dica 4: bancos de imagens
Às vezes para criar aquela composição maravilhosa a gente precisa de uma imagem específica, que permita a construção da nossa mensagem. Para isso servem os bancos de imagens, locais onde você consegue encontrar diversos tipos de imagens diferentes para utilizar em suas composições (além de mockups, ícones, vetores etc.).
Na internet é possível encontrar diversos bancos de imagens, sendo um dos mais conhecidos o freepik, que tem uma grande variedade de imagens disponíveis. E o melhor de tudo: muitas delas são disponibilizadas de forma gratuita!
IMPORTANTE: sempre que utilizar uma imagem de banco de imagens de forma gratuita é extremamente importante dar os créditos ao banco e ao autor da imagem, caso haja essa informação.
Dica 5: sites para baixar tipografias
Assim como as imagens, também é possível baixar diferentes tipos de tipografias em diversos sites. Quando eu comecei como designer, utilizava muito o site dafont e o google fonts , ambos com uma grande variedade de tipografias para serem baixadas e utilizadas em criação de logotipos ou artes.
IMPORTANTE: verifique o tipo de licença da tipografia e se ela pode ser utilizada para uso pessoal, comercial ou os dois. Dependendo para o que a tipografia seja utilizada e seu tipo de licença, pode ser necessário efetuar a compra da licença.
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Conta aqui nos comentários o que você achou do artigo e se você sentiu falta de alguma informação. Espero ter contribuído um pouco com a sua jornada como designer gráfico. 😉
*Aron Gallart, estudante do bacharelado em produção cultural, na Universidade Federal Fluminense – UFF, é uma pessoa sonhadora, que acredita que através da comunicação e da educação pode impactar e mudar o mundo de muitas pessoas. Hoje com 22 anos, é auxiliar de Marketing da JA Rio de Janeiro e Coordenador de Comunicação no Nexa Brasil.
Muito bom conteúdo, agregou muito os meus conhecimentos.
Muita informação boa, adorei